Vamos falar sobre: Dr. House e o Blues

Amo assistir ao seriado House.

Fico reprisando no Netflix incessantemente até enjoar. Porque a relação do Dr. House com suas equipes de diagnósticos é tão turbulenta e impressionante, não é apenas medicina e sim um estudo desinteressado das relações humanas, da ética, e da nossa relação com a dor e a tristeza.

A personalidade desse médico nada convencional nos atrai de uma forma que nos pegamos as vezes por aplaudir condutas que na verdade são censuráveis. Mas um lado dessa personalidade que mais me atrai é a sua sensibilidade para a música, mais especificamente para o blues. Na série ele toca piano, mas na vida real também é ligado a música. O ator Hugh Laurie também é um premiado músico britânico.

E como com todos aqueles que eu admiro o trabalho e a vida, não me privei de ir em busca de um pouco mais dessa arte que ele aprecia, e que não achei que fosse mal beber da mesma fonte.

Primeiro um pouco de didática resumida:

O blues teve sua origem na expressão cultural através da música de uma minoria ligada à população negra americana. Eles procuravam redenção na música, tentando explicar através dela seus sentimentos, e por um bom tem tempo o blues foi o reflexo dos negros… O blues foi criado por músicos que não tinha conhecimento teórico musical e por isso tinha como fundamento a improvisação das letras e improvisação instrumental, que é uma das principais diferenças do Blues em relação ao Jazz.

Fonte: Agudos e Graves

Não vou discorrer aqui sobre grandes nomes do Blues e de sua história, mas sobre o que eu senti ao ouvi-lo. Como eu falava de poesia e poemas agora há pouco, deixei a criatividade voar por essa letra que é um verdadeiro poema:

So many days since you went away
I often think of you night and day
But I know that someday
Someday darling I won’t be trouble no more
Trouble trouble and misery
Is about to get the best of me
But I know that someday, someday darling
I won’t be trouble no more

I told you my story
I sang my song
about you leaving baby
you know that’s wroing
But oh, someday, someday darling
I won’t be trouble no more

Como no poema, ouvi a letra algumas vezes até começar a criar um cenário na minha mente. A impressão que tenho é que houve, claro, um término de relacionamento e a música fala sobre a promessa de ser melhor, de mudar, pois agora ele é só “Trouble trouble and misery” (problema e miséria). Então eu me encontro em um ambiente mais escuro e com fumaça de cigarro, em uma época de glamour mas também de opressão. O relacionamento já desgastado pelos tropeços e caídas do parceiro, e por fim o abandono. O ex-parceiro não conseguiu largar dos maus vícios, as manias erradas e acabou sufocando qualquer sentimento. Quem se foi não vai voltar, provavelmente, pois já esgotou suas esperanças. Mas o ex-parceiro acredita em sua própria promessa, um dia ele não será mais o problema.

Olha ai o texto nos contando mais do que as palavras podem dizer! Claro que foi mais uma descoberta maravilhosa. Isso é mágico. Eu já tinha tido experiências com o jazz e o blues e gostado muito, mas esse novo olhar para a poesia deixa o mundo um pouco maior.

Pra finalizar, não posso deixar de exemplificar o ótimo trabalho de Hugh Laurie:

Fascinante!

Paz.

9 pensamentos sobre “Vamos falar sobre: Dr. House e o Blues

  1. Sou fã de blues! Se pudesse ouviria o dia inteiro. E House não se comenta. Ele é fantástico, mas tem algo a mais nele além da música. Acho que o que mais gosto na série é tentar entender as atitudes dele. As vezes é só aquilo mesmo, mas as vezes tem bem mais por trás, muito mais. Show!

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