Descobri que ler poemas não é tão simples assim.
Sempre achei que fosse questão de gosto, que não era minha praia, que era coisa de gente muito viajada (na maionese). Mas meus queridos, cai do cavalo e o tombo foi feio. E foi lindo também.
Vou explicar. Um dia desses eu estava assistindo um filme chamado “Mentes Perigosas” e a história era a já conhecida sobre a professora (o) que tem um grande desafio pela frente ao assumir uma classe de alunos desacreditados por todos e com um péssimo comportamento. Mas o que fudeu explodiu com minha mente foi a aula sobre como ler poemas. A professora explicou a necessidade de interpretar e reconhecer os códigos dos versos. Poemas não são feitos no sentido literal!
Foi nesse momento que eu pensei: estou fazendo isso errado. Então resolvi pesquisar mais sobre isso, já que minha memória sobre o que é poesia, poema, e soneto já estava bem fraca. Segue um resumo que gostei bastante:
No sentido etimológico, poesia vem do grego poiesis, que pode ser traduzido como a atividade de produção artística ou a de criar ou fazer. Com base nisso, a poesia pode não estar só no poema, mas também em paisagens e objetos. Trata-se, enfim, de uma definição mais ampla, que abarca outras formas de expressão, além da escrita.
Já o poema também é uma obra de poesia, mas que usa palavras como matéria-prima. Na prática, porém, convencionou-se dizer que tanto o poema quanto a poesia são textos feitos em versos, que são as linhas que constituem uma obra desse gênero.
Por fim, o soneto é um poema de forma fixa. Tem quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos. Todos eles têm dez sílabas poéticas, classificando-se como decassílabos. Os sonetos costumam ter uma estrutura semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no último terceto. Essa é, em geral, a estrofe decodificadora de seu significado.
Fonte: Nova Escola
Também assisti a algumas aulas online sobre como ler poemas e interpretá-los, então vou fazer um teste e vocês podem dizer o que acharam. O que foi mais comentado é que cada leitor pode interpretar um poema de uma forma diferente, dependendo das experiências já vividas, sentimentos atuais e compreensão de mundo. E uma dica interessante é trabalhar com a musicalidade do poema, pois como obras de arte a música e a escrita se encontram diversas vezes nos versos.
Esse poema eu li hoje no blog A Parte e o Todo de Mim da Cris Campos. Obrigada Cris pela autorização de utilizar esse belo poema!
aqui onde você
metal e pluma
num todo só
serpeiam penugens
labirinto natural de reações
ideia concreta de sentidos
delicados mapas
rios que beiram terras
num dia que não finda
e nem quer.
A minha impressão mais forte depois de lê-lo 2 vezes (dizem que ler o poema várias vezes é fundamental) é de que o corpo humano está sendo retratado nesses versos, em uma situação de corpos se descobrindo:
labirinto natural de reações
ideia concreta de sentidos
A parte das penugens também me chamou atenção para isso. “Metal e pluma“, esse verso me fez pensar em quanto somos fortes e sensíveis ao mesmo tempo. Temos pele e músculos que nos protegem fisicamente, mas não só isso. Nossa mente também nos fazer sentir muitas vezes poderosos quando estamos de bem com quem somos. Mas ao mesmo tempo somos sensíveis as palavras, ao toque de quem gostamos, e aos sentimentos que não controlamos. Por isso choramos, rimos, ficamos depressivos, voamos leve quando estamos amando, mas nos despedaçamos quando somos incompreendidos ou decepcionados.
Como eu disse, o tombo foi lindo. Vocês podem perceber quanto sentimento, informação e história tiramos de um único verso? Estou extasiada com essa nova janela que abriu no meu pequeno mundinho.
Então, possivelmente verão mais impressões de leitura de poemas por aqui. 😉
Paz
Ah Carol, que lindo isso… Disse tudo. E de forma sensacional… Sabe, sou apaixonada pela poesia. Amo ler e escrever poemas. Uso muito a transferência de sentido nas palavras. Acho que o mais importante nisso é que o leitor tem liberdade de sentir e completar. E isso é exatamente o que me fascina na poesia, liberdade.
Enfim, só tenho a agradecer a você! E achei maravilhoso seu relato quanto à sua caminhada rumo aos versos. Parabéns!
1000 vezes obrigada!
Bjo querida!
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Obrigada! Você é um amor de pessoa, obrigada pelo incentivo e pela ajuda ;*
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Republicou isso em A Parte e o Todo de Mime comentado:
É simplesmente lindo e sensacional de viver quando alguém descobre a poesia e passa a inserir os versos em seu contexto de vida. Vivenciar isso hoje na Carol foi incrível. Parabéns pela sensibilidade Carol!
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Gostei do post a poesia realmente diz muitas coisas em poucos versos.
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Obrigada meninas do Livros e Vitrolas, voltem sempre!
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Um bom poema pode realmente surpreender né, gostei do post e da sinceridade sua ao revelar algo que não compreendia bem! O importante é a gente estar sempre aberto pra aprender.
Te marquei numa tag lá no blog 🙂
beijos
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Obrigada Tha! Assim que puder respondo a TAG 😉
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Muito bom! ainda sou mto amadora nesse universo, apesar de ama -lo ;]
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Nathy, isso que é o melhor! Num mundo tão cheio de rotina, adoro descobrir novas coisas. Bjo 😉
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Pingback: Vamos falar sobre: Dr. House e o Blues | Diário de Carola
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👌👏
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Adoro poesias, mas nunca me senti a vontade em comenta-las, acho que não consigo traduzir o que sinto ao lê-las, como fez, e fico muda.Exato! Me emudecem…Lindo o que escreveu Carol! Bjo 🙂
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Cada um tem um jeito de sentir a poesia, o importante é que ela mexa com você! Obrigada pelo carinho e atenção ;D
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Linda reflexão, gostei hehe
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